A Negação… da Ciência!

MOZ-1-3-1

Há alguém que seja capaz de dizer que não acredita que a ciência existe, que é real e verdadeira?

Quando quem não sabe o que é a ciência nega as verdades, os factos, exaustivamente demonstrados, temos a melhor receita para destruir qualquer sociedade bem informada.

Neil de Grasse Tyson, cientista e comunicador disse numa das suas conferências que antigamente se acreditava ser a ciência o motor da inovação, mas que isso mudou. “Perdeu-se a capacidade de perceber o que é verdade e o que não é, o que é confiável ou não. Não há memória de alguma época  do nosso passado em que se tenha negado a ciência.

Mas a ciência é verdade, quer se acredite ou não. É basicamente uma vacina contra os charlatões e nunca, em toda a história da humanidade, a ignorância prevaleceu contra a sabedoria.

O desenvolvimento da ciência  foi pondo ao serviço dos seres humanos muitos e extraordinários instrumentos para melhorar a saúde e prolongar a vida.

De todos os avanços da ciência no campo da saúde nada mostrou mais capacidade de salvar vidas, de uma forma economicamente muito eficaz, do que as vacinas, especialmente nas crianças.

Segurança e desempenho são dois dos mais importantes factores no desenvolvimento de uma vacina e são prioridade no processo clínico de avaliação deste tipo de produtos.

Mesmo depois de uma vacina estar legalizada e já a ser utilizada, a monitorização vai continuar, para que se garanta que toda a informação nova que surja depois do licenciamento seja avaliada pelos peritos e partilhada com o público.

O programa de vacinação básico evita um valor estimado de dois a três milhões de mortes, todos os anos, em todas as idades. Sem vacinas e não havendo uma distribuição e administração eficaz, o mundo voltaria para trás e a propagação de doença tornar-se-ia incontrolável, desenfreada. O sistema de saúde pública seria sobrecarregado com custos de tratamentos e as mortes, sobretudo nas crianças, aumentariam dramaticamente.

A imunização é sem dúvida o melhor instrumento para protecção da saúde, melhorando a segurança económica e a estabilidade política e, acima de tudo, salvando vidas.

“Imunidade de Grupo”

Os efeitos directos da vacinação dizem respeito à protecção do indivíduo vacinado, resultando na diminuição da possibilidade de infecção e possíveis complicações. Mas os benefícios indirectos da vacinação são a protecção das populações não vacinadas. É este efeito indirecto da vacinação que é chamado Imunidade de Grupo. Para que isto aconteça é necessário que haja uma alta taxa de vacinação. Por exemplo, no caso do sarampo, uma doença altamente transmissível, é necessário que 90 a 95% das pessoas estejam vacinadas para conseguir alcançar uma imunidade de grupo. protegendo toda a população.

Quando uma alta percentagem dos indivíduos de uma população está protegida, pela vacinação, de um vírus ou de uma bactéria, a propagação da doença é dificultada por haver muito poucas pessoas susceptíveis que possam ser infectadas.

Este facto é particularmente importante para protecção daqueles que não podem ser vacinados, tais como as crianças demasiado novas, as pessoas com deficiências do sistema imunitário e os que estejam demasiado doentes, como no caso do cancro.

Para se atingir uma imunidade de grupo a proporção de população que deve ser vacinada varia  para as várias doenças, mas a realidade é simples, quando há número suficiente de pessoas protegidas, isso ajuda a proteger as pessoas vulneráveis da comunidade reduzindo a propagação da doença.

Haverá quem pergunte:

Se nem toda a gente precisa de ser vacinada para se conseguir a imunidade de grupo, será assim tão mau optar pela não vacinação?

A imunidade de grupo não deve ser usada como uma aparente justificação científica para decidir não fazer a vacinação.

O lamentável é que, enquanto houver comunidades que acolhem uma forte visão negativa sobre a vacinação, vão acontecer surtos de doenças, que são evitáveis com vacinas. Quando os níveis de imunização caiem, a imunidade de grupo é fragilizada, destruída, levando ao aumento do número de novos casos.

Este princípio de comunidade/imunidade de grupo aplica-se ao controlo de um grande número de doenças infecto-contagiosas incluindo gripe, sarampo, papeira, rotavirus e doença pneumocócica.

Segurança

As vacinas são a melhor defesa que temos disponível para combater muitas doenças contagiosas evitáveis, doenças graves que podem levar à morte.

As vacinas estão entre os produtos médicos mais seguros que tempos disponíveis mas, tal como com qualquer outro produto, pode haver riscos.

Como tudo na vida…

O facto de estar vivo traz, por si só, muitos riscos… mas é melhor correr alguns riscos controlados para poder viver a vida o melhor possível e evitar que coisas piores aconteçam.

Se os sentimentos negativos em relação à vacinação se tornarem mais populares podemos começar a ver cadeias de transmissão mais sustentadas e consequentemente surgirem situações de surtos endémicos de doenças infecciosas… tal como o sarampo.

Há um argumento ético muito válido para que se atinja o objectivo de conseguir 100% de cobertura de vacinação:

Todos os que podem ser vacinados devem ser vacinados, não só para sua protecção mas também para proteger, pela imunidade de grupo, aqueles que não podem ser vacinados.

Quando oiço pessoas dizendo que “decidiram” não vacinar os seus filhos… fico atónita!

Como é possível tomar uma decisão tão grave sem ter bases racionais científicas.?

Porquê negar a ciência?

A ciência é um exercício complexo na busca da verdade, não uma coisa em que se escolha acreditar ou não acreditar.

Quando uma verdade é cientificamente comprovada, aceite, é verdade quer se acredite ou não.

Opiniões e decisões exigem conhecimento e esse conhecimento certificado, válido, realista, nunca baseado num qualquer artigo encontrado na Internet, de origem muitas vezes duvidosa, tendenciosa e não recomendável para ser tomada como verdade.

Opiniões e decisões exigem conhecimento e devem sempre basear-se no conhecimento seguro, certificado.

A “liberdade” de não vacinar crianças ou adultos tem implicações negativas severas na saúde da comunidade.

A “liberdade” tem limites marcados pelos limites da liberdade e dos direitos dos outros à nossa volta.

Nós não estamos sozinhos.

As vacinas previnem surtos de doença e salvam vidas.

Com votos de boa saúde,
Dra. Maria Alice
Especialista de Medicina Geral e Familiar
Administradora / Directora Clínica Luzdoc Serviço Médico Internacional / Medilagos
Direcção Clínica Grupo HPA Saúde

 

 

 

 

Sem comentários