E afinal… o que é o cancro ?

Dá arrepios só de dizer a palavra “cancro” e pior ainda é pensar que se pode “ter um cancro”. Apesar de todas as calamidades dos tempos de hoje “ter um cancro” é ainda sentido como o pior dos pesadelos.

Mas não há nada como “conhecer o bicho” para se saber como lidar com ele.

Quando se diz cancro falamos de uma forma geral de um grande número de doenças que atacam vários órgãos e que têm em comum serem causadas pelo desenvolvimento de células anormais, as células cancerosas.

As células normais são os “tijolos” vivos, microscópicos e em constante funcionamento, com que o corpo humano é “construído” e vêm programadas, quando nascemos, com toda a informação necessária para saberem como se comportar, quando se reproduzir dividindo-se e quando morrer. Existem centenas de tipos de células normais programadas para diferentes funções.

Quando por algum motivo surge uma modificação no programa, a que se chama mutação, as instruções relacionadas com a multiplicação e a morte das células ficam erradas e as células que continuam a viver com esta mutação, as células cancerosas, começam a crescer e a dividir-se de uma forma caótica, descontrolada, e… não param, nem morrem como deveriam. De cada vez que uma destas células cancerosas se divide, a informação “anormal” é passada às novas células e a multiplicação desenfreada continua, com rapidez muito superior à das células normais. E vão-se formando massas de células anormais, os tumores malignos, que comprimem e invadem as estruturas à sua volta, destruindo-as a pouco e pouco. Por vezes podem causar hemorragias por danificarem os vasos sanguíneos e impedem o órgão invadido de funcionar correctamente.

Mas nem todos os tumores são cancerosos nem todos os cancros são tumores, como por exemplo a leucemia, um tipo de cancro que atinge vários órgãos mas não forma qualquer tumor.. Os tumores não cancerosos, por isso chamados benignos, também crescem de forma descontrolada mas não invadem as estruturas vizinhas embora possam causar problemas por ocupar espaço.

Do mesmo modo que há centenas de tipos diferentes de células normais há também centenas de tipos diferentes de células cancerosas. E muito poucas podem ser tratadas da mesma maneira.

O pior é que as células cancerosas são capazes de entrar para dentro dos vasos sanguíneos e, transportadas pelo sangue, espalhar-se por todo o corpo, formando lesões à distância a que se chamam “metastases”. Estas lesões comportam-se como o tumor original e assim uma metastase de um tumor do intestino que cresce no pulmão não passa a ser um tumor do pulmão.

A verdade é que “um cancro” pode levar anos a desenvolver-se e quando é detectado é provável que já existam qualquer coisa como 100 milhões a 1 bilião de células cancerosas. A célula cancerosa original pode já ter começado a dividir-se há 5 anos … ou mais! Pode passar muito tempo antes que um cancro em crescimento dê queixas que alertem para que algo está mal, levando a que se descubra o que se está a passar.

È muito importante tentar detectar o cancro cedo, muito cedo, quanto mais cedo melhor, porque, quando já começou a instalar-se para lá do seu local de formação inicial tudo se torna mais difícil, quer no que respeita ao tratamento, quer às possibilidades de cura.

Ainda se desconhece muito, mas mesmo muito, sobre cancro, mas os cientistas têm feito grandes, grandes progressos .

Até há poucos anos o cancro era incurável. Actualmente já não é uma sentença de morte sem recurso possível e metade das pessoas a quem é diagnosticado “cancro” sobrevivem agora 5 ou mesmo muito mais anos depois do diagnóstico.

A chave mestra para a sobrevivência é a detecção precoce.

Em muitos casos… ainda não é possível.

Em muitos casos… já é possível.

Com votos de boa saúde.

Dra. Maria Alice
Especialista de Medicina Geral e Familiar

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