Que é feito da nossa velha amiga Aspirina?

A nossa boa velha Aspirina está óptima, bem e de saúde e podemos dizer que cada vez mais útil, mais interessante, mais rejuvenescida.

Fala-se dela (e quase sempre bem…) a toda a hora e por todos os motivos, mas não pensem que sabem tudo sobre ela! Será que a conhecem mesmo bem?

É senhora de muitos recursos. Tem sido usada para tratar dores, incluindo as dores de cabeça… há mais de 100 anos, e também para o “reumatismo” e a febre, mas é uma sobrevivente como mostra a sua mais actual aparição, no mundo da medicina preventiva, sendo uma das importantes e insubstituíveis ferramentas utilizadas nos nossos dias para a prevenção da doença e manutenção da saúde.

A Aspirina pode ajudar a prevenir os ataques cardíacos, as chamadas tromboses e até reduzir o risco de aparecimento de alguns tipos de cancro.

E afinal o que é a Aspirina? De onde vem? Quem descobriu?

A Aspirina é o ácido acetilsalicílico. Provém do salicilato, produto natural existente na casca do salgueiro, que foi usada como remédio tradicional desde há centenas de anos para aliviar dores, baixar a febre, reduzir a inflamação e o inchaço, exactamente do mesmo modo que usamos a Aspirina nos nossos dias.

Considerando a história mais recente da vida da Aspirina, os investigadores encontraram muitas outras utilidades para este velho medicamento, estabelecendo, para além de qualquer dúvida, a importância fundamental do seu uso na medicina preventiva.

Nos tempos de hoje o seu médico receita-lhe uma aspirina por dia para prevenir as doenças cardiovasculares mas, num futuro muito próximo, poderá fazê-lo para prevenir alguns tipos de cancro, a doença de Alzheimer (uma forma grave e precoce de demência) e até a pré-eclampsia (uma complicação da gravidez).

E como é que funciona quando se toma uma Aspirina “para o coração”?

Considerando o funcionamento normal do organismo, quando se sangra de uma ferida há uns elementos que existem no sangue chamados plaquetas que se acumulam no local ajudando a formar uma massa, o coágulo, que vai tapar o “buraco” do vaso sanguíneo por onde o sangue está a sair, parando assim a perda de sangue. Mas, em várias situações de doença, podem-se formar coágulos dentro dos próprios vasos sanguíneos que os vão bloquear impedindo que o sangue circule normalmente. É para evitar que isso aconteça que se toma a aspirina, porque ela reduz a capacidade que as tais plaquetas têm de se agregar, de se agarrar umas às outras, reduzindo assim o risco de “ entupimento” das artérias onde circula o sangue e ajudando o coração a manter uma circulação eficaz em todos os nossos órgãos.

As indicações actuais para a administração de uma aspirina por dia, como prevenção “para um coração saudável”, são as seguintes:

* Homens depois dos 40 anos

* Mulheres depois da menopausa

* Todos os mais novos que tenham factores de risco para doenças cardiovasculares, tais como fumar, tensão arterial alta, colesterol alto e diabetes

Mas cautela, não decida sozinho, fale com o seu médico antes de começar a tomar aspirina regularmente.

Embora a aspirina possa ser tomada com segurança pela maior parte das pessoas não é adequada para poda a gente. Só o seu médico pode dizer-lhe quais os riscos e se é certo, para si, tomar aspirina todos dias.

A aspirina não é para si se tiver úlceras (do estômago ou duodeno) ou gastrite, algumas doenças do fígado ou dos rins ou qualquer doença que cause hemorragias. Também se pode ser alérgico e não se deve tomar juntamente com alguns outros medicamentos.

A Aspirina é sem dúvida uma sobrevivente, uma história de longevidade com um futuro muito promissor.

Os novos medicamentos recentemente introduzidos na prevenção não a vieram substituir, apenas fazer-lhe companhia como guarda do portão da nossa saúde, ajudando a proteger-nos do assassino número um da humanidade, a doença cardiovascular.

Mas, como em tudo, use com cuidado… com conta, peso e medida.

Com votos de boa saúde,

Dra Maria Alice

Especialista de Medicina Geral e Familiar

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