De Médico e de Louco… todos temos um pouco!

Onde estará a fronteira entre a “auto-medicação” responsável e um tratamento “auto-infligido” baseado na “medicina do vizinho do lado” ?

A automedicação responsável diz unicamente respeito ao tratamento das pequenas mazelas que se reconhecem com facilidade não precisando de ser diagnosticadas pelo médico.

Falamos neste caso de medicamentos de venda livre ou seja que se podem comprar sem receita médica como alguns remédios para dores de cabeça, tosse, gripe, ou ainda vitaminas e outros produtos usados para manter a saúde e prevenir a doença.

O importante é saber-se até onde se pode ir. Mas para isso é mesmo preciso saber. Saber o quê , como, quando, porquê, para quê… difícil não é? Antigamente ninguém sabia nada, só os médicos e enfermeiros sabiam…alguma coisa. Os assuntos da saúde eram um mistério para a generalidade das pessoas, havia um nevoeiro carregado de desconhecido, quase de sobrenatural, envolvendo as doenças e os tratamentos. Agora passou-se para o oposto. Livros, revistas, brochuras, rádio, televisão, Internet, usam e abusam dos assuntos da saúde… e da doença. Um poço sem fundo de informação onde se pode cair facilmente no meio de uma enorme e caótica confusão. É complicado saber escolher quando não se sabe nada ou quase nada sobre o assunto. Pior ainda quando se pensa que se sabe mas não se sabe nada. Ou então quando tudo o que se sabe só serve para fazer ainda mais confusão.

Difícil? Dificílimo. Em quem se pode confiar? A verdade é que é mesmo assim, como em tudo, não se sabe. E é ainda mais perigoso pois trata-se da sua saúde. Os médicos, os enfermeiros, poderiam ajudar mais, mas… o tempo falta para tratar dos doentes, dizem. Mas teriam mais tempo se as pessoas de um modo geral fossem mais ensinadas e responsabilizadas. Vamos dar tempo ao tempo, mas fazendo alguma coisa por isso.

AVISO: A auto medicação tem um papel importante na sua saúde, mas… pode ser muito perigosa se não for usada correctamente

Então vejamos:

* As pessoas, muitas vezes, tomam medicamentos errados porque não sabem exactamente que doença têm. Parece-lhes igual ao que elas próprias já tiveram ou ao que alguém conhecido teve algumas semanas antes. Cuidado! Há doenças que enganam, têm queixas aparentemente muito parecidas e precisam de tratamento completamente diferente. Isto pode levar a que se vão experimentando vários remédios o que irá atrasar o tratamento correcto. Para além disso é perigoso e sai caro.

* Sendo fáceis de comprar, os medicamentos de venda livre são mais facilmente mal usados.

* A publicidade pode dar às pessoas uma sensação falsa de segurança fazendo-os sentir que são capazes de descobrir sozinhos, não só a causa, mas como tratar as suas queixas.

* Tem que haver muito cuidado quando se misturam medicamentos mesmo os chamados produtos naturais. Ser de venda livre não quer dizer “inofensivo”.

Aceite um conselho: Pense bem, antes de comprar e tomar qualquer produto de venda livre para tratar da sua saúde.

Pergunte a si próprio o seguinte:

* Poderá o que eu tenho ser tratado, em segurança, com um remédio “sem receita médica”?

* Não será melhor ir ao médico?

* Qual será o tratamento mais seguro para o que eu sinto?

* Será que tenho alergias ou qualquer outro problema que me impeça de tomar este remédio?

* Precisarei de evitar alguns alimentos , álcool ou outros medicamentos?

* Será que vai causar problemas aos outros medicamentos que já estou a tomar?

* Como, quando e por quanto tempo vou tomar este remédio? Haverá algumas instruções especiais que eu preciso saber?

* Haverá outros efeitos secundários deste medicamento?

* E se for para uma criança, será que serve para crianças e qual é a quantidade certa a administrar?

Se tem dúvidas pergunte ao seu Médico ou (em certos casos) ao Farmacêutico, mas…

NUNCA PERGUNTE AO VIZINHO!!!

O seu vizinho, familiar ou amigo não são iguais a si, qualquer semelhança entre o que aconteceu com eles e a seu próprio problema é, a maior parte das vezes pura coincidência.

O que para eles foi milagroso, pode ser para si um desastre completo. “Precaução” e água benta cada qual toma a que quer.

Dra Maria Alice

Especialista de Medicina Geral e Familiar

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