Estaremos a chegar ao fim???


Neste momento parece-nos evidente que a pandemia ainda está longe de acabar.
Os cientistas têm olhado para o passado na tentativa de prever o futuro e conseguirem perceber como poderá acabar a pandemia de Covid-19.
Estamos quase com um ano e meio de duração da actual pandemia mundial e as pessoas, por todo o mundo, fazem a si próprias as mesmas perguntas:
Como é que isto vai acabar? E quando?
De qualquer modo a verdade é que as pandemias acabam sempre! De uma maneira, ou de outra…

Controlar a pandemia
Os humanos não tiveram qualquer hipótese de controlar a propagação do SARS-2 e de o mandar de volta para a natureza, mas conseguiram-se vacinas! No entanto a vacinação é uma forma dispendiosa para sairmos da pandemia e por isso só alguns países conseguem vacinar de forma rápida.
Até agora as vacinas nunca tiveram um papel de relevo para acabar pandemias, já que quando aparecia uma vacina pronta, o pior já tinha passado mas, desta vez, as vacinas foram desenvolvidas, testadas, e começadas a usar num período muito curto, apenas meses.
A vacinação é a ferramenta mais poderosa para garantir a segurança em saúde pública e as vacinas para Covid-19 estão a contribuir, tendo um papel de extrema importância, no controlo da pandemia.
Nas primeiras fases das campanhas de vacinação o objectivo principal é abrandar o ritmo da pandemia, protegendo os que estão mais em risco de doença grave, e diminuindo assim o trabalho difícil e pesado dos sistemas de saúde.
Precisamos ainda de tempo para que uma percentagem mais significativa da população mundial seja vacinada e precisamos também de mais informação sobre a eficácia, das vacinas de que dispomos actualmente, na redução da transmissão do SARS-CoV-2.
Considera-se que as pessoas com a vacinação completa têm ainda risco de poderem transmitir SARS-CoV-2 a pessoas não vacinadas e devem ser testadas se tiverem sintomas que possam ser compatíveis com a doença.
Mesmo considerando a possibilidade de as vacinas poderem ser menos eficazes contra algumas das novas variantes é expectável, perante o conhecimento actual, que ofereçam alguma protecção para as formas severas da doença.
À medida que vão sendo detectadas novas variantes, os fabricantes das vacinas vão procurando novas formas de as actualizar.
Tem estado recentemente a ser estudada a necessidade de um reforço vacinal, o que parece, no momento, que será muito provável.
Embora as vacinas tenham tido desde sempre um papel crucial no controlo das doenças infecciosas, a sua capacidade para acabar pandemias de forma rápida e definitiva, é muito mais limitada.

A experiência do passado mostra que as pandemias “acalmam”, vão diminuindo de intensidade, mas é praticamente impossível identificar o preciso momento do seu fim.
Não será, portanto, surpreendente que não haja nenhum registo histórico de qualquer tipo de “festas” para comemorar o fim de uma qualquer pandemia!!!

Quanto tempo vai durar a Imunidade?
Uma cientista responsável na Organização Mundial de Saúde disse, há pouco tempo, que gostaria de saber quanto tempo durará a imunidade, depois de uma infecção e depois da vacinação.
A resposta poderá dizer-nos como se consegue atingir a imunidade de grupo e se vai ser necessário e quando, que sejam administradas doses de reforço.
É possível que a protecção contra a infecção seja menos duradoura, mas a protecção para doença severa é mais longa e a duração da protecção induzida pela vacina é diferente da protecção induzida pela infecção.
As reinfeções por Covid-19 são raras, mas não sabemos quão raras! Mesmo que alguém contraia uma segunda infecção por uma variante, o sistema imunitário deverá ser capaz, mesmo assim, de reconhecer suficientemente o vírus para evitar consequências graves.
Entretanto, todas as medidas para controlar a disseminação do vírus, continuam com importância da maior relevância, tais como distanciamento físico, higiene das mãos, etiqueta respiratória e o uso correcto de máscaras.

O fim do medo!
As pandemias são, na realidade, um fenómeno social.
O fim, do ponto de vista médico é o que chega primeiro, quando a incidência da doença diminui e a taxa de mortalidade cai. Depois segue-se a vertente social, quando o medo da infecção decresce e abrandam as restrições sociais.
Não podemos esquecer que o coronavírus é uma doença global e que em diferentes zonas haverá conclusões diferentes quer do ponto de vista social, quer também médico ,para as respectivas versões da pandemia.
À medida que as nações com maior capacidade económica continuam a vacinar-se e como consequência da vacina vão diminuindo as restrições, o fim da sua própria pandemia pode ser relativamente rápido. Mas e então o resto do Mundo? Quando é que os países em desenvolvimento poderão chagar a uma situação semelhante?

“Quando vai acabar a pandemia”
Esta deve ser umadas frases mais ditas e ouvidas neste ano de 2021!
Sinto-me, sem sombra de dúvida, culpada deste tipo de optimismo, suspirando pelo dia em que possa dar carinhos aos meus netos, jantar com os amigos, entrar num avião… despreocupadamente!
Todos queremos antecipar uma tal “liberdade”… futura!
Seja para onde for que nos viremos é improvável encontrarmos alguma coisa que nos indique a data em que poderá acabar a pandemia.
Mais do que planear festas e férias, precisamos todos de uma boa dose de optimismo. Será melhor gastarmos o tempo que temos olhando em frente e pensando no futuro que queremos ter, pondo em prática as lições que aprendemos nestes longos e diferentes meses de pandemia.
Fauci, o bem conhecido epidemiologista, disse que o primeiro grande passo para acabar o contágio é efectivamente controlá-lo. O passo seguinte será eliminar o vírus de uma população. E o objectivo final será erradicá-lo do planeta.
“Provavelmente iremos conseguir alcançar algures entre controle e eliminação, provavelmente mais perto do controle. Para haver eliminação teremos que ter o Mundo inteiro vacinado”. Disse Fauci.
No passado as pandemias pararam porque o sistema imunitário dos humanos aprendeu a defender-se dos vírus e os vírus sofrerem modificações e tornaram-se endémicos, ou seja restritos a algumas regiões ou populações.
Espera-se que o SARS-2, a certa altura e seguindo esse padrão, se junte a outras corono viroses humanas que causam “constipações”, sobretudo no Inverno, quando as condições facilitam a transmissão.
A experiência das últimas 4 pandemias sugere que os vírus mudaram de patogénicos pandémicos para se tornarem apenas causas endémicas de doença no período de um ano e meio a dois anos depois de terem emergido.
Mas… diferentes agentes patogénicos podem significar diferentes resultados!
Façamos o que podemos e estamos a fazer muito bem: Vacinar, vacinar e vacinar.
Que não se tenha medo e não se fuja às vacinas… a bem de cada um e de todos.
Diz-nos a história que o fim das pandemias é raramente, se alguma vez, não complicado, ou mesmo fácil de datar.

Até agora ainda não sabemos tudo o que gostaríamos de saber, mas uma coisa sabemos, que o fim da pandemia vem chegando…
Mesmo assim… será melhor não marcar, por enquanto, nenhuma data para celebrar!

Dr.ª Maria Alice Pestana Serrano e Silva
Especialista de Medicina Geral e Familiar
Administradora / Directora Clínica Luzdoc Serviço Médico Internacional / Medilagos
Sem comentários