Ano Novo, “Coisas” Novas

Ano Novo, “Coisas” Novas

Recordando…

CORREIO DE LAGOS – Em 15 de Novembro de 2016

Apresentação do livro “Coisas de Tudo Pedaços de Nada”, da Dra. Maria Alice Pestana Serrano e Silva
O evento terá lugar no dia 19 de Novembro, Sábado, pelas 16h00, na Biblioteca Municipal de Lagos.
Recorde-se que a médica Maria Alice Serrano e Silva lançou a obra de estreia «
Coisas de Tudo, Pedaços de Nada», no dia 28 de Maio, em Alvor.

Trata-se de um livro de reflexões, pensamentos e histórias que foi coleccionando e juntando ao longo da sua vida de mulher, mãe, companheira e médica. 
E agora… continuamos!

Passaram 5 anos e, apesar do Covid, da nova variedade Omicron e dos milhares de infectados, apesar de tudo e no meio de tudo isto, surgiu um novo livro com o título “Coisas Minhas Coisas Nossas”! E assim chegaram novas “coisas”, coisas que são o que são, mas que são também o que são por causa do que são os que com elas convivem.

O interesse da escrita é comunicar, informar, partilhar angústias, ideias, alegrias, mas para mim é mais desabafar. Tudo isso, mas acima de tudo, desabafar.

Com muita pena nossa, minha e da Editora Astrolábio, não vamos poder fazer desta vez aquelas apresentações tão agradáveis com a família, os amigos, os que connosco colaboram profissionalmente no dia a dia e até os que podemos não conhecer muito bem, mas que tiveram gosto em nos conhecer melhor.

Por agora, aqui vai um texto que é uma mistura de “pedaços” de vários textos do livro! Espero que agrade aos nossos leitores…
Dizia eu que no meio da confusão, da insegurança em que vivemos, não consigo deixar de pensar na arrogância do animal homem, rei, dono e senhor de tudo, a falta de respeito pela natureza, pelos outros homens e o equilíbrio desequilibrado, instável, que se foi instalando. Nunca tudo isto foi tão evidente.
Na verdade, também já muito mudou na natureza. Realmente já não está tudo na mesma. Está a natureza a sentir-se muito melhor, com o homem a fazer menos disparates, sem ser tão agredida, sem ser tão violentada por esse animal arrogante que a tenta escravizar e que, no mínimo, a molesta todos os dias, minutos, segundos. Não é nada com mais ninguém, em toda a natureza, para além do bicho homem, para quem a vida não está mesmo nada na mesma. E não é que a natureza até está a gostar!

Estamos no meio de num mundo novo, rodeados por um nevoeiro cerrado, numa época de contradições, de valores que já não são, do que era importante e agora é secundário, o imprevisível amanhã que não se sabe e não se consegue saber.

Continuamos numa espécie de “quarentena”…

Não poder ir, não poder fazer, não poder quase nada, não saber quase nada ou mesmo nada, perceber muito pouco do pouco que se sabe, esperar muito e não saber como esperar nem o que esperar.
O que foi já não é, nem vai ser nunca mais, as verdades que eram deixaram de ser e não sabemos quais são as que vão ser.
O que era fundamental vai muitas vezes passar a ser secundário e, na verdade, em muitos casos já o deveria ter sido.

O valor das coisas de que sempre se precisou, das verdades, dos parâmetros que se viam como seguros, infalíveis… desapareceu, foi-se tudo.

Há outros valores que se estão a recuperar, aqueles que não podem deixar de ser, aqueles que se não se usarem não haverá recomeço credível, válido, não haverá esperança para o homem.

Essa tal arrogância de tudo controlar… pode e deve ficar no passado, naquele distante mês de Janeiro de 2020.

Estamos todos muito aborrecidos e nós, gente comum, sentimos que não podemos fazer muito. Até há alguns que sendo assim, acham que o melhor então será não fazer nada. Asneira ilógica.

Afinal o tempo da vida é mesmo muito curto para se passar aborrecido, sem fazer nada.

A sensação terrível de perder o tempo de viver faz-nos perder a esperança de ter tempo para viver, de ter tempo. Que grande seca!!!

Neste tempo em que vamos tentando sobreviver, a sucessão dos factos é mais do que nunca (quase) completamente incontrolável.
Terrível, assustador… tal como se devem sentir as folhas das árvores que o vento arranca e voam sem rumo sem saber para onde, sem saber onde vão parar, pousar.

Sem saber quando poderemos e como poderemos voltar a
viver.

Quanto a fazer aquilo que se gostaria… isso será, por agora, um sonho impossível. Quando muito, por enquanto, vamos fazendo o pouco que nos é permitido e esperando impacientemente que esta coisa acabe, que passe depressa.

Andamos todos a jogar às escondidas… com o bicho.

Na verdade, nem todos, porque há os que acham que o bicho não é tão mau assim e lhe dão guarida.

Depois distribuem as ninhadas por quem os rodeia… mesmo que não peçam e não queiram.
Democracia? Não! A ditadura da ignorância, destruidora.
Estamos efectivamente em guerra com o bicho que não se vê e não só, também com os humanos que não percebem no que estão metidos, ou não querem perceber.

Será preciso tomar consciência da realidade, da verdade. Nunca nenhum exército ganhou uma guerra negando a existência do inimigo.
Esta coisa do vírus foi mesmo das piores coisas que nos podiam acontecer, não podia ser mais inesperada, inapropriada, desesperante, deu cabo de todo o nosso equilíbrio, individual e colectivo.

Não fazemos ainda ideia quando chegará o tempo, o tempo de passar este tempo que nos aconteceu.

Mas uma coisa já sabemos, sem haver qualquer margem de dúvida! É que quando este tempo passar, será depois de já ter passado o tempo de muitas, muitas vidas.

Muitas vidas para quem já não vai haver tempo para coisa nenhuma.
Pode consultar: https://fb.watch/alJddSB9uN/



Disponível em: https://www.livrariaatlantico.com/ficcao/coisas-minhas-coisas-nossas

Votos de um saudável Ano Novo

Dr.ª Maria Alice Pestana Serrano e Silva

Especialista de Medicina Geral e Familiar

Administradora / Directora Clínica Luzdoc Serviço Médico Internacional / Medilagos

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