REDEFININDO A SAÚDE

Declarou a OMS:
“A Saúde é um estado de completo bem-estar, físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade. É um recurso para a vida de todos os dias, não o objectivo da vida. A saúde é um conceito positivo enfatizando os recursos sociais e pessoais, bem como a capacidade física.”
A revista médica “The Lancet” definiu “saúde” como a capacidade de o corpo humano se adaptar a novas ameaças e enfermidades.
Estas definições baseiam-se na ideia de que a ciência moderna teve avanços significativos nas últimas décadas no que respeita ao conhecimento das doenças, chegando a uma melhor compreensão de como actuam, descobrindo novas maneiras de controlar a sua evolução ou de as eliminar e ainda a noção de que a ausência de toda e qualquer patologia poderá não ser possível.
Isto significa que, mais do que uma finalidade em si própria, a saúde é um recurso para suportar o funcionamento individual na sociedade envolvente.
Um estilo de vida saudável proporciona as condições para uma vida plena de finalidade e significado. A “boa saúde” é a base para se viver uma vida longa e mais activa.
Os serviços de saúde existem para as pessoas manterem, neste conceito, um óptimo estado de saúde.

A Saúde num Mundo em Mudança
Embora tradicionalmente a relação médico/doente funcionasse num contexto em que os profissionais são quem tem os conhecimentos técnicos e o poder de tomar as decisões, no momento actual, são cada vez mais reconhecidos os conhecimentos, a experiência pessoal e o direito do doente à escolha de soluções.
A participação dos doentes no processo de decisão é vital para que se alcancem os objectivos de promoção da saúde, segurança e qualidade dos cuidados.
O Século 21 tem trazido muitas mudanças importantes e profundas do meio ambiente levando a que tenha que ser necessariamente considerado um conceito mais alargado dos factores determinantes da saúde das populações.
O “estado de saúde” é determinado pela interacção de factores biomédicos, sociais, comportamentais e do ambiente.
Na actualidade a noção de saúde diz cada vez mais respeito às pessoas, a cada um, à maneira como encaram a noção de saúde e como a vivem, no contexto da sua vida diária.
Num mundo que se torna, dia a dia, cada vez mais complexo e incerto temos que nos perguntar como será possível que se alcance a saúde e o bem-estar.
À medida que o mundo sente que os humanos começam finalmente a ganhar o controlo da pandemia de Covid19 e a melhorar a sua qualidade de vida… o impossível tornou-se realidade! Começou na Europa uma Guerra inacreditável, irracional, maldosamente horrível, desumana, à moda antiga, matando a eito e destruindo tudo o que os anos foram construindo, indiscriminadamente, sem dó.
A saúde é posta perigo por muitos factores resultantes directamente da guerra, o que se agrava ainda mais com as óbvias alterações na economia e o sentimento emocional de insegurança.
Os refugiados que escaparam do terror continuam a viver os seus pesadelos pessoais. Tudo isto contribui para problemas generalizados de saúde. Os níveis altíssimos de ansiedade pioram muitíssimo o bem-estar mental e físico.
O Século 21 sendo um mundo que se caracteriza pela globalização, mas também pelo individualismo e com enormes alterações na sociedade e na tecnologia, exige uma mudança radical em tudo o que diz respeito à saúde.
A sensação de ter que fazer tudo à pressa, sempre a correr, que tem sido chamada de “vírus da pressa” é um problema de saúde muito sério, afectando não só os adultos, mas cada vez mais as crianças e criando condições para alimentação deficiente e falta de actividade física.

A inactividade física é considerada o maior problema de saúde pública do Século 21.

Personalizando os Cuidados de Saúde
As tendências actuais indicam que a medicina e os cuidados de saúde serão certamente, em múltiplos aspectos, cada vez mais personalizados e individualizados, incluindo a promoção da saúde, a prevenção da doença e os cuidados curativos. O futuro vai proporcionar uma detecção mais precoce e mais eficiente das doenças e também a disponibilização de novas ferramentas terapêuticas.
Um grupo de quatro doenças e os seus factores de risco são actualmente considerados na Europa como os responsáveis pela maioria das doenças e mortes que podem ser prevenidas, evitadas. São elas as doenças cardiovasculares, o cancro, a diabetes e as doenças respiratórias crónicas.
Os determinantes sociais para questões tais como fumar, alimentação, consumo de álcool e actividade física, resultam da situação económica e social do meio ambiente.
É fundamental que seja procurada uma abordagem primária, para encontrar a “causa das causas” destes determinantes de diferentes estilos de vida.
Várias características individuais, incluindo informação genética, irão ser usadas de forma integrada para controle do risco e gestão da doença, tais como factores de estilo de vida incluindo alimentação, actividade física, exercício e hábitos tabágicos; factores mentais económicos e sociais respeitando habitação, trabalho e vida social; história médica pessoal e familiar e a interacção de todos estes factores.

Saúde e Bem-Estar
A pandemia de Covid-19 teve um enorme impacto na saúde e bem-estar mundial mesmo para aqueles que não foram infectados, já que as perturbações da saúde e do bem-estar reflectem as alterações de ruptura de muitas influências e interacções entre indivíduos, populações e sociedade.
Não podemos ignorar o efeito, noutros problemas de saúde, dos confinamentos necessários para controlar a progressão da pandemia.
Um estudo recente sugere que o stress de viver numa pandemia pode ter causado um efeito de inflamação cerebral, mesmo nos que não foram infectados pela SARS-CoV2, indicando uma possível ligação entre os factores de stress associados à pandemia e as respostas neuro-imunes.
É evidente que a ausência de doença, por si só, não significa “boa saúde”. A saúde precisa do controle de muitos factores e da gestão equilibrada de todos os aspectos que influenciam a vida humana.
A saúde e o bem-estar são o núcleo central para a vida das pessoas e o suporte básico para o desenvolvimento humano, individual e social.
O objectivo para os serviços de saúde de qualidade, deve estar focado em providenciar condições que permitam às pessoas manter e melhorar a sua saúde e bem-estar, através da prevenção da deterioração da saúde.

Nunca é demais repetir:

Gerir a doença e não apenas a sua ausência, é o caminho para uma vida saudável.


Com votos de boa saúde!


Dr.ª Maria Alice Pestana Serrano e Silva
Especialista de Medicina Geral e Familiar
Administradora / Directora Clínica Luzdoc Serviço Médico Internacional / Medilago
Direcção Clínica Grupo HPA Saúde / Hospital S. Gonçalo de Lagos
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