Alterações Climáticas, Covid e Monkeypox…

Até já sobejava, mas há mais. Infelizmente.

Um novo estudo publicado pelo “Nature Journal Climate Change” em 08 Agosto 2022 concluiu que mais de metade das doenças humanas conhecidas que são causadas por agentes patogénicos, ou seja, por agentes/organismos infecciosos causadores de doença, podem ser agravadas pelas alterações climáticas.

Os riscos no sistema climático da Terra, quando intensificados pela emissão de gases de estufa, podem exacerbar as doenças patogénicas do homem causando perturbação grave da sociedade humana como foi claramente demonstrado pela pandemia de Covid-19. A Pandemia mostrou à humanidade um vislumbre das terríveis crises de saúde relacionadas com as alterações climáticas que podem vir a acontecer.

O enorme potencial de interacções resultantes da combinação dos perigos climáticos e dos numerosos organismos causadores de doença (infelizmente muitos mais do que o Coronavírus-SARS-CoV2) revela quão longe podemos ir no agravamento das doenças humanas patogénicas.

Uma das mais comuns evidências ecológicas das alterações climáticas é a mudança na distribuição geográfica das espécies. As alterações no habitat causadas pelo aquecimento, seca, ondas de calor, cheias e alterações na cobertura do solo facilitam a multiplicação e actividade dos patogénicos e aproximam-nos das pessoas.
Foram também evidentes alterações na precipitação e na temperatura que afectam a distribuição populacional dos humanos e a transmissibilidade dos vírus, tais como os responsáveis pela Influenza e Covid19.

Os riscos climáticos, alterando as condições físicas criaram stress por exposição às mudanças do clima, forçando as pessoas para situações de insegurança, lesando as infraestruturas e dificultando o acesso a cuidados médicos, diminuíram a capacidade de os humanos lidarem com os agentes infecciosos.

A imunocompetência perante a doença é também severamente afectada, sem sombra de dúvida.

O sofrimento global causado pelo aparecimento da doença Covid19 mostrou claramente a grande vulnerabilidade dos humanos a doenças causadas por agentes infecciosos, com milhões de mortes, um enorme sofrimento humano difícil de compreender e aceitar, bem como consequências socioeconómicas muito complexas e preocupantes.


Long COVID

A maior parte das infecções por Covid melhoram nas primeiras 4 semanas.

“Long COVID” ou Síndrome Pós-Covid significa que os sintomas se prolongam mesmo depois de ter terminado a infecção e pode durar de 4 a 12 semanas.

A investigação sugere que depois de terem tido Covid19, muitas pessoas ficam com situações novas de doença, ou agravamento de situações pré-existentes e que podem ser consequência da infecção.

Em casos de doença Covid19 grave pode haver danos em vários órgãos, como o coração, rins, pele e cérebro, bem como alterações inflamatórias e do sistema imunitário.

Qualquer pessoa que tenha Covid19 pode ter consequências a longo prazo, mesmo quem só tenha tido doença ligeira.


A 5a. Dose da Vacina Covid

Considera-se que a partir de agora será uma vacina sazonal, recomendada para os mais velhos e os grupos de risco, tal como a vacina da Gripe e que pode ser administrada em simultâneo.

O “Covid” aparenta estar mais controlado mas não se pode dizer que acabou e é muito possível que haja um aumento de casos no Outono e no Inverno, como aliás costuma acontecer com a Gripa/Influenza.


Monkeypox

A Monkeypox, ou varíola dos macacos, é uma doença viral zoonótica, o que significa que é causada por germes que se transmitem entre os animais e os seres humanos.

Não se transmite facilmente entre as pessoas e o contágio ocorre através do contacto próximo com o material infeccioso das lesões cutâneas de um infectado, gotículas respiratórias em contexto de contacto prolongado “cara a cara” e ainda roupas ou objectos.

A predominância no surto actual é de casos entre homens que praticam sexo com outros homens e a forma de apresentação das lesões sugere, em muitos casos, que a

transmissão ocorreu durante a relação sexual. A transmissão entre indivíduos sem contacto próximo é muito baixa.

A possibilidade de propagação para uma população mais ampla é também baixa e a maior parte dos casos, nos surtos em evolução, apresentaram apenas sintomas leves.

A mortalidade é mais alta nos jovens e nos imuno-comprometidos, que têm maior risco de doença grave. O tratamento é sintomático e inclui a prevenção de infecções bacterianas secundárias.

A vacina da varíola humana dá protecção cruzada para o vírus da varíola dos macacos e, quando administrada nos primeiros 4 dias depois do contacto com caso confirmado da doença, pode ter um efeito de protecção muito significativo. Também os medicamentos antivirais são opção importante de tratamento.


Mas há muito mais!

Era muito bom se fosse só “isto”, mas na realidade há muitas, mesmo muitas mais doenças infecciosas transmissíveis à nossa volta, por todo o lado. E vão aparecendo novas ou alterações às antigas, frequentemente como resultado da actividade e comportamento humano.

Os humanos nunca deveriam esquecer-se dos riscos que a sua saúde corre, muitas vezes por sua própria responsabilidade e o sofrimento que esses riscos lhes podem trazer.

Mais vale prevenir que remediar… diz a sabedoria popular…

Prevenir os problemas de saúde e tratar e controlar os já existentes, é o fundamento para que se possa viver a vida com qualidade.

Nunca os homens se devem esquecer que, para além de cuidarem de si próprios, devem preocupar-se também em cuidar do ambiente em que vivem. Sem isso tudo piora, tudo fica mais difícil.

Mas a vida vai continuando, da forma como escolhermos vivê-la… ou não a viver, se não nos prevenirmos.

Continua a ser verdade que homem prevenido vale por dois!

E a decisão é mesmo de cada um.


Com votos de boa saúde!

Dr.ª Maria Alice Pestana Serrano e Silva
Especialista de Medicina Geral e Familiar
Administradora / Directora Clínica – Luzdoc Serviço Médico Internacional / Medilagos
Assessora de Administração Grupo HPA Saúde
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