Resistência Antimicrobiana… e NATAL!


Os antimicrobianos que incluem antibióticos, antivirais, antifúngicos e antiparasíticos são medicamentos usados para prevenir e tratar infecções em humanos, outros animais e plantas.
A resistência antimicrobiana acontece quando os germes, tais como bactérias e fungos, desenvolvem a capacidade de vencer os medicamentos adequados para os destruir e, como não morrem, continuam a desenvolver-se.

A presença de antibióticos e antifúngicos força as bactérias e os fungos a adaptarem-se acelerando a resistência antimicrobiana.

Como consequência surgem infecções resistentes que podem ser difíceis e por vezes mesmo impossíveis de tratar.
Os antibióticos são antimicrobianos, mas nem todos os antimicrobianos são antibióticos.
A resistência aos antibióticos refere-se à resistência bacteriana.
São as bactérias que se tornam resistentes aos antibióticos, não são os humanos ou os outros animais.


ANTIBIÓTICOS… usar com muito cuidado!

Quando se usam os antibióticos, algumas bactérias morrem, mas as resistentes sobrevivem e até se multiplicam passando a resistência adquirida para a sua descendência. Quantos mais antibióticos se usam maiores são as probabilidades das bactérias se tornarem resistentes, o que significa que no futuro não serão eficazes.

E devemos não esquecer que os antimicrobianos para além de matar os germes causadores de infecções também podem matar alguns germes, muito úteis, que protegem de algumas infecções.

Embora possa acontecer naturalmente, a maior causa de resistência aos antibióticos é o seu uso indevido, incorrecto. Os germes resistentes podem disseminar-se nas pessoas, animais e no meio ambiente, causando infecções muito difíceis de tratar e levando a hospitalizações mais frequentes e mais prolongadas, custos muito mais altos e aumento da mortalidade.

A verdade é que os profissionais de saúde humana e animal prescrevem frequentemente antibióticos em excesso, as pessoas não os tomam correctamente, há pouca higiene e prevenção de infecções e assim tudo se complica, piora e fica difícil de controlar.

As nossas acções ajudam o desenvolvimento e disseminação de resistências e mesmo havendo desenvolvimento de novos medicamentos, não havendo alterações do comportamento a resistência antibiótica continuará a ser uma enorme ameaça.


Um Problema GLOBAL

Dada a actual facilidade e frequência com que se viaja, a resistência antibiótica tem aumentado para níveis perigosos, afectando todos, de qualquer idade, em qualquer país, sendo actualmente uma das maiores ameaças à saúde global, segurança alimentar e desenvolvimento mundial. É mais frequente em alguns países e em cada país há tipos diferentes de bactérias resistentes. Os viajantes podem infectar-se, adoecer e trazer consigo bactérias resistentes quando voltam para o seu país.00
Cada vez há mais infecções que se têm tornado difíceis e mesmo impossíveis de tratar pela perda de eficiência dos antibióticos, pondo em risco as novas conquistas da medicina.
Não havendo antibióticos eficazes disponíveis para prevenção e tratamento das infecções, toda a gestão e tratamento das doenças crónicas tais como a asma, diabetes, artrite reumatoide e também cirurgias, transplante de órgãos, quimioterapia se torna muito mais complicada, perigosa. Sem medidas urgentes caminhamos para uma era pós-antibióticos em que infecções comuns e mesmo lesões menores, podem voltar a matar.


É Urgente Mudar!

Há muito que se pode fazer a todos os níveis da sociedade humana no que respeita a alterações do comportamento, para reduzir o impacto e limitar a proliferação de resistências, para além do correcto uso dos antibióticos. Para reduzir o uso de antibióticos é fundamental não esquecer nunca as vacinações, para lá das habituais regras de higiene pessoal e alimentar e ainda evitar o contacto próximo com pessoas doentes e praticar sexo seguro.

A correcta higiene das mãos é a prática mais importante para a prevenção da disseminação das infecções, incluindo as resistentes aos antibióticos.
Em relação à alimentação e para além da higiene na confecção devemos esforçar-nos por escolher alimentos produzidos sem o uso de antibióticos.

A resistência antimicrobiana afecta não só os humanos em qualquer idade, como também a saúde animal e a agricultura, sendo o mais urgente problema mundial de saúde pública. IMPORTANTE: Nunca “peça/exija” nem tente forçar o seu médico a prescrever antibióticos se ele disser que não é necessário! Os antibióticos devem ser tomados correctamente, nunca se devem partilhar com outras pessoas, nem voltar a tomar “restos”.


NÃO ESQUECER: Os antibióticos só actuam contra as bactérias, não actuam contra os vírus das “constipações” e da gripe.



Resistência Antimicrobiana e COVID-19

A resistência antimicrobiana não só continuou como piorou devido à Pandemia de COVID-19. Embora sendo a pandemia causada por um vírus e os antibióticos não sejam eficazes contra os vírus, foram muito usados no contexto da pandemia para prevenir e tratar infecções bacterianas associadas.
A pandemia evidenciou ainda mais a necessidade de se parar a propagação dos germes antes que cheguem a causar infecção, porque tratar depois de se instalar a infeccção não é a única nem a melhor solução e não deve ser nunca a única opção.
No passado mês de Novembro decorreu a Semana Mundial de Consciencialização Antimicrobiana, uma campanha global, anual, para melhorar a consciencialização e compreensão da resistência antimicrobiana e encorajar melhores práticas.


É TEMPO DE NATAL

Já estamos outra vez em tempo de Natal! Inevitável como sempre!
O Natal é, supostamente, tempo de alegria, luzes a brilhar, festas, presentes, bacalhau, peru, bolo-rei, amigos, família, mas nem tudo são rosas ou melhor dizendo, nem tudo é azevinho.
No Inverno, mesmo apesar de haver Natal, as temperaturas descem e trazem também inevitavelmente riscos para a saúde que são próprios do tempo frio, especialmente para crianças e idosos.
O Inverno é uma época do ano difícil para o corpo e também para o espírito.
O frio diminuindo a circulação periférica dificulta a luta do corpo contra as doenças.

Constipações e gripe não são causadas directamente pelo frio, mas sim por infecções virais que se propagam mais facilmente entre as pessoas porque estão mais tempo em ambientes fechados e com pouca ventilação. E lavem as mãos, mesmo que esteja frio, porque os vírus circulam mais facilmente no tempo frio!

O Natal é visto como uma época mágica, em que os sonhos se tornam realidade e reina a alegria e o amor pelo próximo. Mas na verdade pode ser um período de grande stress e bem pior na actualidade, já que os níveis de stress estão muito elevados todos os dias, neste mundo confuso e inseguro em que vivemos. Sorrisos, simpatia, bondade, compreensão… não custam dinheiro, mas são os ingredientes principais do espírito do Natal, protegem o coração, confortam e ajudam a prevenir o stress, mantendo os Homens mais saudáveis de corpo e espírito.

Se houver compreensão, vontade de estar feliz, em harmonia com a realidade e com os que nos rodeiam, serão precisos menos remédios para controlar o stress e as depressões e mesmo até para tratar o coração, porque um coração feliz adoece muito menos.

Que seja um bom Natal… e um saudável Ano Novo… para todos nós.




Dr.ª Maria Alice Pestana Serrano e Silva

Especialista de Medicina Geral e Familiar
Administradora / Directora Clínica Luzdoc Serviço Médico
Internacional / Medilagos
Assessora de Administração Grupo HPA Saúde
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